segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Levantou poeira para tirar o pé do chão


Talvez a música de Ivete Sangalo nunca tenha sido tão usada (ou tão lembrada) quanto no dia em que a Fonte Nova foi implodida (29/08). O Estádio Otávio Mangabeira foi implodido para dar espaço a Arena Fonte Nova, que deverá ser uma das sedes da Copa do Mundo de 2014.

Setecentos quilos de explosivos transformaram em poeira quase sessenta anos de história (conforme o site Wikipédia o estádio foi inaugurado no dia 28/01/1951), mais de trezentos clássicos baianos, entre Bahia e Vitória, ou simplesmente Ba-Vi.

Na verdade a Fonte Nova levou com sua poeira muito mais do que isso. Levou parte da identidade de muitos baianos que viam lá uma casa em que se reuniam com seus semelhantes, seus compatriotas de futebol, para sorrirem ou chorarem juntos. Cada vez mais me impressiono com a força do esporte! O que a poeira deixou foi saudade, mas a certeza de que tragédias como a que aconteceu em 2007 não vão e não devem mais acontecer ali (uma sede da Copa do Mundo).

É engraçado como os símbolos e ícones nos reúnem em torno de uma mesma causa ou celebração. A implosão da Fonte Nova me fez ver lágrimas em pessoas que pouco se envolvem com o futebol, mas trazem consigo a lembrança da infância: pai e irmãos indo torcer, indo celebrar. Da mesma forma me fez ver pessoas que demonstram todo o seu amor pelo time se emocionarem e fazerem silêncio por um minuto em respeito, in memoriam. De fato foi o que restou: Memória. Tudo isso forma a identidade de um povo, tudo isso forma uma nação.

Até 2014 vai ser assim: casas serão reformadas (olha o Maracanã ai gente!), casas serão construídas (o estádio do Corinthians), outras foram demolidas para dar espaço ao novo (a Fonte Nova).

Hoje a poeira levantou. Amanhã veremos torcedores tirar o pé do chão com suas coreografias e seus hinos.

FONTES:
http://www.atarde.com.br/cidades/noticia.jsf?id=5613846
http://g1.globo.com/brasil/noticia/2010/08/estadio-da-fonte-nova-e-implodido-em-salvador.html
http://pt.wikipedia.org/wiki/Est%C3%A1dio_Oct%C3%A1vio_Mangabeira

3 comentários:

  1. O ESTÁDIO DO QUINTAL DE MINHA CASA. Quantas vezes chorei, gritei, sorrir, vi pessoas felizes, vi pessoas tristes, vi coisas inacreditáveis, lances mágicos, trapalhadas, roletes de cana, copos voadores de cerveja, hinos de louvor, hinos de escárnio, corações baterem, corações pararem...para depois voltarem a bater ainda mais forte, quantas vezes, quantas vezes quantas...Como num ato bíblico de vaticinas palavras algo me ecoa: "ao pó voltarás!" Não a velha Fonte Nova, mas as memórias que circundam-na. Bobôs, Zanattas, Baiacos e uma em especial: meu avô - o maior torcedor do Baêêêa que eu jamais conheci - Tudo de volta ao que era antes, ao pó. Mas chega de lamentações! Não foi o grande romancista ítalo-americano John Fante que, em 1939, escreveu uma das mais belas obras da literatura mundial chamada PERGUNTE AO PÓ? Pois bem, não há respostas mais claras senão no pó, mesmo que seja necessário esperar a poeira baixar em uma Nova Fonte Nova. Voilá! Até 2014 estádio do quintal de minha casa.

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  2. Nossa..e que poeira,o estadio virou pó!! Chamem o Maradona!!(brincadirinha..)
    Isso não é futebol de saias é Armando Nogueira de saias,tamanho romantismo nas palavras.
    Ta batendo um bolão esse blog..muito grato pelos numeros da demolição e informações,isso ja é jornalismo e não espetaculo como muitos estão tentando nos empurrar boca abaixo(pão e circo).
    Valeu !!
    Rudfla.

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  3. Guto e Rudfla, muitíssimo obrigada pela palavras, comentários e presença. Para mim, falar de futebol é muito mais do que trazer números, estatísticas e placar (ops, qual é o plural de placar?) é emoção pura (por mais que isso faça parte da sociedade do espetáculo, por mais que seja pão e circo. Um abraço para todos.

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