sábado, 9 de outubro de 2010

Mais do Glossário do futebol

Estou lendo o livro O futebol explica o Brasil, do jornalista Marcos Guterman. Espero em breve fazer um post sobre ele no Leio Enleio. Mas por enquanto (e neste espaço) gostaria de falar sobre algumas curiosidades apontadas pelo livro. Certamente elas podem se justar ao post sobre impedimento no que diz respeito ao glossário futebolístico que, por vezes, surge neste blog. Então vamos lá.

Quando falamos em um campinho simples, quase sempre sem grama, que aparece em um terreno baldio, de um bairro qualquer costumamos, pelo menos aqui no Brasil, chamar de campo de várzea. Tal denominação pode ser explicada lá nos primórdios do futebol em terras tupiniquins. Inicialmente o esporte bretão chegou ao país com um caráter essencialmente amador (e bom que se diga de elite). Em São Paulo a alta sociedade da cidade costumava se reunir na Várzea do Carmo “nas proximidades das ruas do Gasômetro e Santa Rosa” (Guterman, 2009, p. 20). Parece que eu estou vendo a sua cara perguntando ‘ué, mas se era da elite por que ficou conhecido como simples, sem condição?’. Para isso eu respondo: calma que chegaremos lá.

O que acontece é que os operários também começaram a organizar seus times já que não poderiam se juntar aos dos patrões (isso pelo menos desde 1903, segundo o livro que estou lendo). Estes times começam a se reunir justamente neste campo, da Várzea do Carmo. “O nome várzea, por esta razão, acabou servindo para designar qualquer time e qualquer campo com as características amadoras em jogos sempre aos domingos” afirma Marcos Guterman. Mas só para lembrar o significado de várzea para o dicionário que tenho em mãos e que foi comentado pelo professor Pasquale: “Campina cultivada. Planície de grande fertilidade. Terrenos baixos e planos, sem serem alagadiços, que margeiam os rios e ribeirões; vargem”.

O amadorismo e o profissionalismo disputavam forças em um cabo de guerra que parecia emocionante mas que mostrava que a tendência para o último era grande. Neste sentido o Vasco foi um dos times pioneiros, especialmente depois que foi realizada a fusão entre o clube de remo e o Lusitânia. Entre vários motivos os jogadores do Vasco, formado basicamente por negros e operários, eram atraídos para o clube por causa das promessas de “remuneração por vitória – às vezes em dinheiro, às vezes em troca de animais”(p. 54). Lembrando para os que não sabem: bicho é como é chamado o pagamento que os jogadores recebem por vitórias. Animais, bichos... Eu me diverti quando li isso!

E só para não dizer que não falei das flores, ou melhor de Charles Miller, lá vai. Ele não foi só quem trouxe o futebol para o Brasil ele também jogava bem e chegou a criar e/ou dar nome a um drible, a ‘chaleira’, também conhecida como ‘letra’. É aquele drible que “o jogador toca a bola por trás do corpo com o calcanhar” (p. 32). Segundo Marcos Guterman chaleira é uma “corruptela de ‘Charles’” (p. 32) e não tem nenhuma relação com a chaleira de esquentar água para fazer chá ou café.

2 comentários:

  1. Salve...salve...grande "futeboldesaias"..vida inteligente no futebol(parafraseando),sendo o que resta dessa festa.
    Por isso digo: Tenho aprendido!!
    Saudades..Rudfla!!

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  2. Olá Rudfla. Fico feliz com suas constantes visitas. Que bom que você está achando o conteúdo legal! Fico feliz em contribuir de alguma maneira com os meus leitores. Um abraço e venha sempre.

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